mercoledì 19 settembre 2007

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::Estrangeiro::

Fragmento de um poema de Facundo Cabral.



"E me chamas estrangeiro
porque cheguei aqui por um caminho que não conhecias,
porque nasci em outra cidade e conheci outros mares

Chamas-me estrangeiro porque não estás acostumado comigo,
já que eu zarpei de um porto distante
e tu pensas que as despedidas existem apenas para que se agitem lenços
e se encham de lágrimas os olhos
e acreditas que, quando se vai para longe,
todos pensam apenas no dia do regresso
e nas orações que os entes queridos ficam repetindo,
dia após dia, anos a fio

Mas eu não sou estrangeiro
porque despertei em minha alma o que antes não conhecia
e descobri que todos os homens são iguais
que houve uma época em que o mundo não tinha fronteiras

Todos nós trazemos o mesmo grito,
as mesmas perguntas
o mesmo cansaço das viagens muito longas

Os que dividem, os que dominam, os que roubam,
os que mentem, os que compram e vendem nossos sonhos
são eles que inventaram esta palavra: estrangeiro

Olha-me no fundo de meus olhos,
além do teu ódio, do teu egoísmo, do teu medo
e verás que sou apenas um homem, que precisa de tua ajuda

Não posso ser, nunca fui um Estrangeiro".

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